sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O dilema entre livros e filmes

Sou apaixonado, assim como tu, por literatura e cinema. Por isso achei ótimo o artigo a respeito publicado no New York Times, por Rachel Donadio, escritora e editora. A ele:

Chegou a temporada dos concorrentes ao Oscar e os multiplexes estão lotados de adaptações literárias, inclusive as versões dos Irmãos Coen para "No Country for Old Men", de Cormac McCarthy, e de Mike Newell para "Amor no Tempo do Cólera", de Gabriel García Márquez. Ainda para este ano, estão programados os lançamentos de "Atonement", de Ian McEwan, "The Golden Compass", de Philip Pullman e "Persepolis", de Marjane Satrapi.

Escritores de livros têm rumado para o Oeste em busca de fama e fortuna desde os tempos de Hemingway e Fitzgerald e livros têm há muito inspirado filmes. Mas atualmente, algumas editoras estão indo diretamente para a indústria do cinema. No mês passado, HarperCollins, uma divisão da News Corp., anunciou uma parceria com a Sharp Independent para produzir filmes baseados nos livros lançados pela HarperCollins. Ao mesmo tempo, a Random House Inc. se uniu à Focus Features para co-produzir entre dois e três filmes por ano baseados em alguns de seus livros de ficção ou não-ficção. A primeira colaboração desse tipo foi o filme "Reservation Road", em cartaz nos Estados Unidos, dirigido por Terry George e baseado no romance que John Burnham Schwartz lançou em 1998.

Essas parcerias dão às editoras uma participação maior no negócio do que os tradicionais acordos de cessão de direitos, que normalmente dão a elas pouco mais do que publicidade para o lançamento conjunto de livro e filme. Agora, Random House e HarperCollins vão receber uma porção das bilheterias, além de lucros sobre DVDs e transmissão para TV e outras mídias. E os escritores vão ganhar mais poder na escolha de roteiristas, atores e diretores.

Alguns estão preocupados que esta relação cada vez mais íntima entre Hollywood e as editoras possa estar mudando as expectativas de sucesso literário - e mesmo alterando a forma como os escritores encaram o seu trabalho. Atualmente, "muitos escritores acham que seus livros não valem nada a não ser que se transformem em filmes", disse Annie Proulx em junho no Festival Literário de Capri, ao falar sobre a experiência de ter o seu conto "Brokeback Mountain" adaptado para as telas. "Eu acho que as pessoas estão escrevendo livros com um olho voltado para os cinemas", ela disse, uma evolução que ela considera "desinspirante". Mas entrevistas com diversos romancistas que trabalharam com Hollywood sugerem que a situação pode ser mais complicada e que o processo pode não ter apenas lhes dado um salário mais gordo, mas pode ter contribuído com algumas idéias a respeito de como contar suas histórias.

Romancistas e a indústria do cinema não foram sempre tão amigáveis. "Na primeira vez que eu fui a Hollywood, eu tive a sensação de que seria melhor eu não dizer que era um romancista", conta John Sayles, que publicou histórias em The Atlantic Monthly e escreveu o romance "Union Dues", que foi indicado para o National Book Award de 1978 antes de se tornar um roteirista e diretor. Além de dirigir seus próprios roteiros para filmes como "Matewan", "Lone Star" e "Honeydripper", a ser lançado em dezembro, ele escreveu cerca de 40 roteiros para outros diretores. O estúdios, Sayles aprendeu rapidamente, vêem os romancistas como "aqueles caras que reclamam depois do filme estar pronto ou que nos fazem gastar US$ 100 mil para escrever o primeiro rascunho do roteiro antes que a gente passe para um profissional que vai cuidar dele". Muitos romancistas, ele diz, "apenas pegam o dinheiro e fogem ou pegam o dinheiro e reclamam".

Atualmente, afirma Sayles, escrever ficção para ele virou apenas um "hobby", assim como um espaço para experimentação. Um romance permite muitos e diferentes pontos de vista, ele notou, enquanto num filme, há basicamente apenas três: o omnisciente ("a tomada da casa pelo lado de fora à noite"); o do protagonista ("de dentro do closet enquanto a serra elétrica corta a porta"); e do antagonista ("através da máscara de hockey"). E romances podem expandir exatamente onde filmes precisam comprimir. Agora, Sayles está escrevendo um livro que começou como um roteiro - até que ele percebeu que nunca conseguiria juntar o dinheiro necessário para produzir algo que se passa nas Filipinas durante a Guerra Hispano-americana.

Outros romancistas dizem que o trabalho para filmes deu a eles diferentes noções de possibilidades narrativas. Schwartz, que escreveu o roteiro para "Reservation Road", diz que escrever para cinema teve um efeito "desinibidor" sobre a sua ficção, inspirando ele a cortar entre cenas de uma forma "mais agressiva". Michael Ondaatje, cujo romance "The English Patient" se tornou um filme ganhador de Oscar, diz que sua própria experiência em diversos projetos de documentários lhe ensinaram sobre o poder de decisões aparentemente pequenas. "Eu reconheço quanto intrincada e microscópica é a arte de edição", afirma ele. "Você corta algo que é um vigésimo de um frame e você faz uma enorme diferença no andamendo."

Diane Johnson, cujos romances incluem "Le Divorce" e "Le Mariage", diz que o trabalho para escrever roteiros deu a ela uma noção mais forte de estrutura. Stanley Kubrick, que a contratou para escrever o script baseado no romance "The Shining", de Stephen King, era um criador de situações elaboradas. A insistência dele em "criar um estrutura antes de passar para os detalhes de uma cena combinou muito bem com o trabalho de escrever romances", ela disse. "Eu não sei ao certo se ser uma romancista ajuda no trabalho de roteirista", ela acrescenta. "Eu acho que é mais no sentido oposto."

Um contrato para um filme também ajudou a carreira de Tom Perrotta como romancista, mesmo que não do jeito que alguns detratores podem imaginar. Quando seu romance "Election" foi publicado em 1998, ele disse, "eu tive uma porção de críticas afirmando que 'ele escreveu isso para virar um filme'", uma idéia que ele considera "risível". Na verdade, ele havia escrito o livro anos antes, mas ele ficou dentro de uma gaveta até que alguém o colocou em contato com um produtor de cinema, que mostrou os originais para o diretor Alexander Payne, que comprou os direitos para filmar a história, que garantiu então a publicação do livro. Desde então, ele não tem problemas para publicar os seus romances - ou filmá-los. Ele foi o co-roteirista para o filme baseado em seu romance "Little Children" e também foi contratado para escrever a versão em roteiro do seu novo romance "The Abstinence Teacher". "Escrever roteiros", ele diz, "tem o efeito paradoxal de fazer de mim um escritor mais literário, muito mais consciente do que eu posso fazer em um romance e não posso fazer em um roteiro".

Alguns escritores, porém, insistem que ter seus romances transformados em filmes não teve influência nenhuma em seus modos de escrever. "Meu trabalho é bem resistente a ser filmado e se a indústria cinematográfica se preocupar em tentar, está ótimo para mim e indica uma certa fortitude da parte deles", diz Rick Moody, cujo romance "The Ice Storm" foi adaptado por Ang Lee. "Mas eu não penso sobre o cinema quando estou compondo romances ou contos." Mesmo que ele estivesse em contato com o diretor e produtor durante as filmagens, Moody disse que ele tentava seguir o conselho de Hemingway, que ele resume assim: "Dirija até a fronteira da Califórnia, jogue o seu livro sobre a cerca. Quando eles jogarem o dinheiro de volta, você dirige de volta para casa".

Chuck Palahniuk também diz que está feliz apenas em sentar nos fundos da sala enquanto os diretores fazem o trabalho deles. Palahniuk trabalhava como mecânico quando o seu romance de 1996 "Fight Club" foi transformado em filme pelo diretor David Fincher. "Eu apenas larguei meu emprego... por que meu telefone não parava de tocar e não podia mais trabalhar", ele contou em um e-mail. "No dia que 'Fight Club' começou a ser filmado, meu agente me mandou uma dúzia de rosas para a garagem onde eu trabalhava - isso mudou um pouco a forma como os outros mecânicos me olhavam." Em agosto, ele viajou para Nova York para acompanhar Clark Gregg nas filmagens de seu romance "Choke". "É interessante assistir às interpretações", Palahniuk disse. "Além disso, eu como o meu peso em lanches de set e me deleito durante as cenas de nus."

Em um artigo recente para Nextbook.org, Bruce Jay Friedman consolidou o que pode ser a atitude mais saudável em relação à experiência de escrever para livros ou filmes. Ele adorou "The Heartbreak Kid", adaptação feita por Neil Simon e Elaine May em 1972 para o seu conto "A Change of Plan", sobre um homem que se apaixona por outra mulher durante a lua-de-mel. "Existe pouca coisa que eu possa fazer", escreveu Friedman, "além de assistir ao filme, aceitar os elogios por tudo aquilo que for legal e negar qualquer envolvimento naquilo que não for."

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Primeiro Kurosawa legítimo aparece em DVD


Yoidore Tenshi (Drunken Angel, Akira Kurosawa, Japão, 1948) não é o primeiro filme de Akira Kurosawa, mas certamente foi o primeiro a levar para as telas aquilo que ficou característico na obra do cineasta japonês: grande fotografia, ótimas atuações e uma ambientação com diversas referências mitológicas e autobiográficas.

Não por acaso, é também a primeira colaboração entre Kurosawa e o ator Toshirô Mifune, que seria repetida em outras obras-primas como Os Sete Samurais e Yojimbo.

Mifune foi um ator de maneirismos e de personalidade única nas suas interpretações. Sempre dando a seus personagens temperamentos fortes e físicos, nesse filme, ainda jovem, ele já mostrava o que poderia fazer nas películas posteriores.

Aqui, Mifune interpreta um jovem magrinho que ingressa na Yakuza (a máfia japonesa). O ambiente do filme -- e por isso é um Kurosawa característico -- é um favela que tem bem no seu centro um simbólico lago de águas pútridas. Esse mafioso, depois de uma luta, vai até um médico alcoólatra, interpretado por Takashi Shimura, que diagnostica um avançado estado de tuberculose, que precisa ser tratado imediatamente. Algo a que o personagem de Mifune se recusa a fazer. Os dois personagens têm uma relação de pai e filho que percorrerá quase toda a obra do diretor.

Nesse filme, Kurosawa mistura dois gêneros bem característicos: o filme noir, que estava em moda na mesma época em Hollywood, com seus ambientes claustrofóbicos e sombrios; e os dramas urbanos de crítica social, que haviam ocupado a indústria norte-americana duas décadas antes, em que reformas sociais e políticas são declaradamente pedidas pelo diretor ativista.

Esse filme está agora disponível para o grande público em DVD da Criterion Collection.

Preste atenção na cena de grande plasticidade em que o personagem de Mifune e o seu ex-patrão mafioso lutam com facas e acabam caindo em uma piscina de tinta branca.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O melhor roteiro de Hollywwod faz 65 anos

Há 65 anos, era finalizado para filmagem a obra-prima assinada por Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Howard Koch. A qualidade fundamental da obra, que pode ser lida como libelo político, filme romântico ou épico pessoal, é o que faz ela sobreviver com o mesmo vigor até hoje.

Casablanca (Michael Curtis, EUA/França/Alemanha, 1942) foi eleito o melhor roteiro pelo Instituto Americano de Cinema e ocupa essa posição até hoje seguido por The Godfather (O Poderoso Chefão, 1972).

O filme conta a história de um microcosmos formado pela situação criada pela Alemanha nazista no norte da África. Na cidade de Casablanca, no então protetorado francês do Marrocos, muitos refugiados da Europa esperavam permissões para voar até Portugal e dali partir para a "Terra Prometida", que eram os Estados Unidos.

Nesse ambiente político, o roteiro usa as nacionalidades dos personagens para fazer a sua crítica e construir o ambiente. Os refuagiados ali são todos da Europa Central, contrários ao regime nacional-socialista de Berlim; os franceses aparecem como personagens ambivalentes, cúmplices dos alemães, mas não inteiramente alinhados com esses; os vilões são os alemães e os italianos.

Humphrey Bogart vive Rick, um ex-combatente da Guerra Civil Espanhola que virou um cínico dono de boate. Durante o filme, ele evolui de uma indiferença à situação de caos reinante até uma implicação total no conflito. Essa evolução é uma alegoria ao papel que os Estados Unidos deviam ter na Segunda Guerra Mundial, se abandonasse o isolamento.

Casablanca era para ser originalmente uma peça de teatro. Mas em 8 de dezembro de 1941, dia seguinte ao ataque japonês a Pearl Harbor, os roteiristas mandaram uma primeira versão para cinema para os estúdios Warner. Como a procura por filmes patrióticos estava grande, foi logo aceito.

O informe elaborado pelo governo americano sobre o projeto de Casablanca afirmava, entre outras coisas, que: "o filme pode nos ajudar a ganhar a guerra, pois mostra os Estados Unidos como um refúgio para os oprimidos"; "mostra que o desejo pessoal deve ser subordinado ao objetivo de derrotar o fascismo"; e, "Rick é um personagem que lutou com as forças leais na Espanha, o que ajudará o público norte-americano a entender que a nossa luta não teve início em Pearl Harbor".

É estimado que mais de 2 mil filmes com aspectos mais ou menos propagandísticos foram realizados nos anos de guerra. Mas Casablanca é único por não ser propriamente uma história de guerra nem de espionagem e possuir diversas qualidades ímpares na fotografia e nos diálogos, em especial.

Um dos pontos mais incríveis de Casablanca é a qualidade dos personagens secundários, geralmente elementos mais rasos dentro de um roteiro. Nesse filme, eles são fundamentais. E essa qualidade se deve às interpretações. Muitos dos atores secundários eram alemães ou com origem em países ocupados pelo Terceiro Reich, que havia fugido por serem judeos, homossexuais, contrários ao regime, ou combinações entre essas causas.

Alguns tiveram que fazer papéis de nazistas como Conrad Veidt, que faz o major Strasser.

No meio de todo esse quadro político, os irmãos Julius e Philip Epstein carregaram a mão mais no triângulo amoroso formado por Rick, por sua amante Ilsa (Ingrid Bergman) e pelo marido dela e líder da resistência na Tchecoslováquia, Victor Lazslo (Paul Henreid). E é dessa história de amor que se alimenta a fama do filme até os dias de hoje. Afinal, como escreveu o crítico Apollo Guide, Casablanca é um filme para todos aqueles que perderam um amor".

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Sala escura (23, 24 e 25 de novembro)

Sugestões do Cinemais para o fim de semana.

Planeta Terror (Planet Terror, Robert Rodríguez, EUA, 2007)
Um acidente com um projeto do governo contamina uma cidade inteira, transformando a população em zumbis. Nesse ambiente de caos, surge um grupo rebelde, formado entre outros por um xerife, uma stripper que não tem a perna direita e o seu ex-namorado. Esse é também o ambiente criado por Robert Rodríguez para exercitar sua criatividade ciber-punk de violência .

Crimes de Autor (Roman de Gare, Claude Lelouch, França, 2007)

Viajando por uma estrada para apresentar o noivo aos pais, uma cabeleireira é abandonada pelo seu ele, que some com o carro, todo o dinheiro a bolsa dela. Mas isso não tira a esperança dela de que ele voltará para encontrá-la. Um homem misterioso que acompanha a história concorda em se passar pelo noivo para evitar a humilhação dela diante dos pais. Em Paris, as rádios falam do desaparecimento de um pedófilo. O filme participou da seleção para o Festival de Cannes de 2007.


A Loja Mágica de Brinquedos (Mr. Magorium's Wonder Emporium, Zach Helm, EUA, 2007)

Muito parecido com o clássico A Fantástica Fábrica de Chocolates, esse filme conversa melhor com crianças ou adultos de espírito lúdico. Dustin Hoffman interpreta o Sr. Magorium de 243 anos de idade, dono da loja de brinquedos que decide se aposentar. Natalie Portman vive a gerente que pode assumir o comando da loja. Uma fábula interessante sobre morte e espírito livre. Vale levar as crianças.



Onde ver:


  • Planeta Terror
Cine Bombril, 2 - 22h

Frei Caneca Unibanco Arteplex, 4
- 17h

Gemini, 1
- 14h30 - 21h

Moviecom Boa Vista, 5
- 21h30
15h - sáb. e dom.

Multiplex Bristol, 3 - 21h05
23h30 - sex. e sáb.

Raposo Shopping, 4
- 19h - 21h30

Shopping Anália Franco - UCI, 5
- 21h30
23h45 - sex. e sáb.

Shopping Jardim Sul - UCI, 5
- 14h45 - 19h15
23h45 - sex. e sáb.

Shopping Leste Aricanduva - Cinemark, 7
- 18h50
23h45 - sex. e sáb.

Shopping Morumbi - Cine Tam, Nova York
- 22h

Shopping SP Market - Cinemark, 11
- 22h20

Shopping Santa Cruz - Cinemark, 4
- 21h30 (exceto sáb.)
0h - sex. e sáb.


  • Crimes de Autor
Cine Bombril, 2 - 14h - 16h

Cine Lumière, 1 - 12h50 - 15h - 17h10 - 19h20 - 21h30

Espaço Unibanco, 2
- 16h - 20h

Frei Caneca Unibanco Arteplex, 7 - 13h - 15h - 19h40 - 21h50

Reserva Cultural de Cinema, 4 - 13h10 - 15h10 - 17h10 - 19h10 - 21h10

Shopping Market Place - Playarte, 3 - 12h50 - 15h - 17h10 - 19h20


  • A Loja Mágica de Brinquedos
Centerplex Lapa, 2 - 16h30 - 18h35 - 20h40
dublado

Cinemark Boulevard Tatuapé, 3 - 13h20 - 15h30 - 17h40 - 19h50 - 22h
0h10 - sex. e sáb.
dublado

Eldorado, 8
- 13h40 - 15h50 - 18h - 20h10 - 22h20
dublado

Frei Caneca Unibanco Arteplex, 6 - 13h - 15h - 17h - 19h

Kinoplex Itaim, 2 - 14h40 - 16h50 - 19h - 21h10
23h10 - sex. e sáb.

Moviecom BoaVista, 2 - 17h10 - 19h15 - 21h10
15h15 - sáb e dom.
dublado

Multiplex Bristol, 4 - 13h20 - 15h20 - 17h20 - 19h20 - 21h20
23h20 - sex. e sáb.

Multiplex Plaza Sul, 2 - 13h10 - 15h10 - 17h10 - 19h10 - 21h10
dublado

Shopping Anália Franco - UCI, 1 - 14h30 - 16h30 - 18h30 - 20h30 - 22h30
12h30 - sáb. e dom.
dublado

Shopping Anália Franco - UCI, 7 - 13h - 15h10 - 17h10 - 19h15 - 21h20
23h25 - sex. e sáb.
dublado

Shopping Butantã, 1 - 13h15 - 15h15 - 17h15 - 19h15 - 21h15
dublado

Shopping Center Iguatemi, 1 - 13h - 15h - 17h - 19h - 21h

Shopping Center Iguatemi - Cinemark, 5 - 13h20 - 15h30 - 17h40 - 20h
dublado

Shopping Center Norte - Cinemark, 1
- 13h25 - 15h35 - 17h45
dublado

Shopping Center Penha - Moviecom, 7
- 17h10 - 19h15 - 21h10
15h - sáb e dom.
dublado

Shopping Central Plaza - Cinemark, 10 - 14h40 - 16h50 - 19h - 21h20
23h35 - sex. e sáb.
dublado

Shopping Continental, 2 - 13h30 - 15h30 - 17h30 - 19h30 - 21h30
dublado

Shopping D, 4 - 13h - 15h10 - 17h20 - 19h30 - 21h40
0h - sex. e sáb.
dublado

Shopping Interlagos - Cinemark, 3 - 14h40 - 17h05 - 19h25 - 21h50
dublado

Shopping Interlagos - Cinemark, 4
- 14h40 - 17h05 - 19h25
dublado

Shopping Jardim Sul - UCI, 9
- 14h05 - 16h10 - 18h15 - 20h50 - 22h25
12h - sáb. e dom.
dublado

Shopping Leste Aricanduva - Cinemark, 6 - 15h45 - 18h - 20h15
dublado

Shopping Leste Aricanduva - Cinemark, 10
- 14h40 - 17h05 - 19h25 - 21h50
0h10 - sex. e sáb.
dublado

Shopping Market Place - Cinemark, 2
- 13h40 - 15h50 - 18h - 20h10 - 22h20
0h30 - sex. e sáb.
dublado

Shopping Metrô Tatuapé - Cinemark, 1 - 13h15 - 15h30 - 17h40 - 20h - 22h10
0h25 - sex. e sáb.
dublado

Shopping Morumbi - Cine Tam, Paris - 13h - 15h - 17h - 19h - 21h
23h - sáb.

Shopping Pátio Higienópolis - Cinemark, 5 - 14h - 16h10 - 18h20 - 20h30
dublado

Shopping SP Market - Cinemark, 3
- 14h40 - 17h05 - 19h25 - 21h50
0h10 - sex. e sáb.
dublado

Shopping Santa Cruz - Cinemark, 10 - 13h10 - 15h30 - 17h50 - 20h10 - 22h20
0h30 - sex. e sáb.
dublado

Shopping Villa-Lobos - Cinemark, 1 - 12h40 - 14h50 - 17h10 - 19h30 - 21h40
23h50 - sex. e sáb.
dublado

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sidney Lumet: o retratista do espírito de NYC

Sidney Lumet está com 83 anos. E lança mais um filme, ao mesmo tempo que prepara outro programado para sair em 2009. Mais um filme que se passa em Nova York.

Lumet, para mim (e essa é uma opinião bastante contraditória), é o grande cineasta a representar Nova York. Ele não tem a devoção escancarada de Woody Allen nem a simbiose de Martin Scorsese. Mas Lumet conseguiu durante os anos imprimir em seus filmes as auras que circundavam a cidade em diferentes épocas.

Quem pode deixar de se emocionar com as cenas de abertura de Dog Day Afternoon ("Um Dia de Cão", 1975). As imagens do cotidiano das pessoas do Brooklyn, dormindo na rua, lavando calçadas, saindo do supermercado, são emblemáticas dos anos 70. E a reação do povo ao apoiar o assaltante de banco Sonny, vivido por Al Pacino, é muito representativa daqueles anos de luta para liberdade de expressão e contra o poder instituído.



No seu novo filme, Before the Devil knows You're Dead (2007, roteiro de Kelly Masterson), Lumet está de volta a Nova York. Mais especificamente ao distrito de compra e venda de diamantes de Manhattan. E ele coloca nesse cenário um história de destruição e fatalismo.

A inveja, a ganância e o ciúmes corroem as relações humanas entre membros de uma mesma família até que o patriarca chega à sua conclusão cabal: "O mundo é um lugar mau".

O demônio do título não cabe em grandes monstros ou acontecimentos terríficos. Ele está simplesmente escondido, camuflado, nos pecadilhos que todos cometemos diariamente, movidos por ganância, pressa, desejo ou cobiça. Na história de Masterson, isso termina em assassinato.

E é esse assassinato que será o ponto focal da narrativa do filme. Lumet volta a ele diversas vezes para contar as implicações do crime na vida de diversos personagens.

Os assaltantes são Andy and Hank Hanson (Philip Seymour Hoffman e Ethan Hawke), que decidem roubar a joalheria do pai. Acabam matando um amigo e ferindo a própria mãe.

O grande diretor é aquele que deixa os atores construirem seus personagens. E é exatamente isso que Lumet costura. Tanto Seymour Hoffman quanto Hawke não têm grandes linhas de diálogos nem vão a psicólogos falar de seus problemas, mas no final do filme, todos conhecemos os dois por dentro e por fora através de suas atuações.

Como em Dog Day Afternoon, Before the Devil Knows You're Dead carrega a cidade em cada seqüência. Há uma atmosfera da Nova York dos anos 2000 nas ruas de Manhattan, nas roupas e atitudes dos personagens e na maneira de se fazer negócios.

E o Lumet claustrofóbico de sempre, com suas situações aparentemente sem saída e catastróficas, segue ditando o ritmo desse filme cheio de zigue-zagues e elipses, mas que conta com perfeição uma história universal.

Preste atenção: nas atuações de Seymour Hoffman, principalmente nas cenas em close-up.

Pequena gafe: como todos os bandidos norte-americanos, os irmãos pensam em fugir para o Rio de Janeiro. A esposa de Andy, Gina (Marisa Tomei), lembra o marido de que não há acordo de extradição de criminosos entre os Estados Unidos e o Brasil. Não é verdade, mas não compromete o enredo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Eisner, ex-Disney, critica greve de roteiristas

O ex-CEO da Disney Michael Eisner falou para The New York Times sobre o futuro que ele enxerga para o entretenimento digital e os problemas com a greve declarada pelos roteiristas de cinema e televisão dos Estados Unidos, que querem uma maior participação nos lucros dos produtos lançados na internet.

Pergunta - Como ex-CEO da Disney e fundador de uma empresa para investir no futuro do entretenimento digital, o senhor falou em uma conferência recente para investidores onde chamou a greve dos roteiritas de "estúpida" e "insana". O senhor poderia explicar essas declarações?

Michael Eisner - Eu estava me referindo mais ao momento em que a greve foi lançada. É uma bobagem fazer uma greve numa área de negócios que ainda não está suficientemente evoluída nem mesmo para sabermos se haverá negócios nessa área no futuro.

Pergunta - Mas as redes de televisão já não estão tendo lucros a partir de programas que são exibidos na internet? Não é exatamente por uma parte desses lucros que os roteiristas estão brigando?

Eisner - Não. As áreas que estão dando dinheiro para as televisões são aquelas que eu gosto de chamar de "reusadas" -- os filmes para download ou as séries de TV para download. Sobre essas áreas, os produtores já concordaram em fazer um acordo com a Writers Guild of America (o sindicato dos roteiristas). A área em que não pode haver negociação ainda é a de produções originais para a internet, que ainda não é lucrativa nem se sabe em que direção está indo.

Pergunta - Mas existe um grande bolo de rendimentos aí.

Eisner - Mas não um bolo de lucros.

Pergunta - Então o que o senhor está dizendo é que não há nenhuma migalha para os roteiristas nesse momento?

Eisner - Não é uma questão sobre os roteiristas. Do jeito que você coloca parece que há alguma hostilidade nessa questão. Ainda não existem migalhas para ninguém. Os programas que eu fiz para "Prom Queen" custaram cerca de US$ 3.000,00 cada 90 segundos. Nós ainda não tivemos uma sacudida no mercado capaz de fazê-lo se tornar lucrativo.

Pergunta - O senhor está se referindo a uma série nova que o senhor fez expressamente para a internet. Como está o projeto "Prom Queen"?

Eisner - Vuguru é a produtora que fez "Prom Queen" e "Prom Queen: Summer Heat", que é a seqüência. A primeira temporada fez alguns milhares de dólares. A segunda deu prejuízo.

Pergunta - Que tipo de nome é esse: Vuguru? Para mim soa como o nome de uma droga, como Vioxx ou Viagra.

Eisner - Se o nome lembra você de algo que cria força, eu acho que está OK. Em francês, "vous" é a segunda pessoa do plural. Vuguru - você é o guru da audiência. É apenas uma palavra criada.

Pergunta - No mês passado, o senhor investiu US$ 385 milhões para comprar a Topps, que fabrica o chiclete Bazooka e cartões de beisebol.

Eisner - Topps é uma marca que está presente na lembrança de todos os homens americanos com menos de 70 anos. Eu posso partir dessa marca e criar uma empresa de mídia esportiva. A Topps tem muitas marcas relacionadas a ela. A própria Bazooka tem o Bazooka Joe. Eu poderia me divertir muito fazendo um filme com o Bazooka Joe, por exemplo.

Pergunta - O senhor acredita que a corrida presidencial do ano que vem está se tornando uma subdivisão da indústria do entretenimento?

Eisner - Eu não acredito, não. Essa visão diminui o nosso sistema político.

Pergunta - O senhor já sabe quem vai apoiar nessa campanha?

Eisner - Eu realmente não tenho muitas opiniões políticas que possam engrandecer as páginas de The New York Times.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Sala escura (15, 16, 17 e 18 de novembro)

Mais um feriado longo. Para quem ficar em São Paulo, essas são as sugestões de Cinemais.

O Passado ("El Pasado", Hector Babenco, Argentina/Brasil, 2007)

Primeiro filme do diretor argentino depois de Carandiru, esse quase autobiográfico filme sobre um jovem tradutor (Gael Garcia Bernal) que se vê pressionado pela ex-mulher em um jogo de chantagem em que as memórias do passado em comum dos dois têm um papel fundamental. Como brinde, o filme trás a última atuação de Paulo Autran no cinema. Ler a crítica do Cinemais.


Um verão para toda a vida (December Boys, Rod Hardy, Austrália/Inglaterra/EUA, 2007)

Quatro órfão vivem como irmão no orfanato de um convento no deserto australiano. De presente de aniversário (todos completam anos em dezembro), eles ganham do padre superior uma viagem até uma cidade do litoral. Na cidade, eles conhecem um casal infértil que pensa em adotar uma criança. Uma disputa entre eles surge para ser o escolhido. Ao mesmo tempo, o mais velho deles, sabendo que não deve ser adotado por causa de sua idade, conhece o primeiro amor. O diretor Rod Hardy, que fez The X Files ("Arquivo X", 1993), adapta essa história do romance de Michael Noonan.


Crimes de Autor (Roman de Gare, Claude Lelouch, França, 2007)

Viajando por uma estrada para apresentar o noivo aos pais, uma cabeleireira é abandonada pelo seu ele, que some com o carro, todo o dinheiro a bolsa dela. Mas isso não tira a esperança dela de que ele voltará para encontrá-la. Um homem misterioso que acompanha a história concorda em se passar pelo noivo para evitar a humilhação dela diante dos pais. Em Paris, as rádios falam do desaparecimento de um pedófilo. O filme participou da seleção para o Festival de Cannes de 2007.


Onde ver:

  • O Passado
Cinemark Boulevard Tatuapé, 2 - 21h50
0h20 - sex. e sáb.

Eldorado, 6 - 12h40 - 15h10 - 17h40 - 20h05 - 22h35

Frei Caneca Unibanco Arteplex, 7 - 14h10 - 16h4 - 19h10 - 21h40

HSBC Belas Artes, Villa-Lobos - 14h - 16h20 - 18h40 - 21h

Kinoplex Itaim, 1 - 15h40 - 18h20 - 20h50

Multiplex Bristol, 3 - 13h30 - 16h - 18h30 - 21h
23h45 - sex. e sáb.

Multiplex Bristol, 5 - 16h30
21h30 - qui.

Multiplex Bristol, 6 - 13h30 - 16h - 18h30
21h - ter.

Reserva Cultural de Cinema, 2 - 14h - 16h20 - 18h40 - 21h

Shopping Center Iguatemi - Cinemark, 2 - 15h - 17h25 - 19h50 - 22h20
12h20 - sáb. e dom.

Shopping D, 9 - 13h05 - 15h40

Shopping Market Place - Cinemark, 5 - 15h

Shopping Pátio Higienópolis - Cinemark, 4 - 15h - 17h40 - 20h20
12h30 - sáb. e dom.
23h - sex. e sáb

Shopping Santa Cruz - Cinemark, 8 - 22h
0h30 - sex. e sáb.


  • Um verão para toda a vida
Frei Caneca Unibanco Arteplex, 4 - 17h30

Multiplex Bristol, 7 - 13h10 - 15h20

Shopping Jardim Sul - UCI, 8 - 19h20 - 21h35 - 23h50

Shopping Market Place - Palyarte, 3 - 16h - 16h30

Shopping SP Market - Cinemark, 3 - 22h30


  • Crimes de Autor
Frei Caneca Unibanco Arteplex, 9 - 0h - pré-estréia sáb.

Béla Tarr, tateando os limites

Há alguns dias, publiquei no Cinemais uma entrevista com Gus Van Sant na qual o cineasta norte-americano falava de suas influências e inspirações. Em dado momento da entrevista, ele diz que considera Béla Tarr "um dos verdadeiros visionários trabalhando atualmente com cinema". E eu nunca havia ouvido falar de Béla Tarr.



Fui atrás de informações sobre o cineasta húngaro para tentar diminuir levemente a incrível ignorância em que vivo imerso.

Fiquei razoavelmente consolado ao descobrir que a ignorância não se resumia apenas a mim. Mesmo produzindo desde 1971, Tarr é um desconhecido mesmo na sua Europa natal. Até 1991, os seus filmes estavam restritos ao público japonês (?). Único lugar onde foram lançados DVDs com a obra de Tarr. Filmes húngaros com legendas em japonês não são os produtos culturais mais acessíveis que tu podes imaginar?

Mas quem é Béla Tarr? É um cineasta realmente inovativo que criou uma reputação internacional ao ganhar diversos festivais europeus (Berlim, Cannes, Locarno, Mannheim-Heidelberg) com uma trilogia de filmes inspirados: Kárhozat ("Danação",1989), Sátántangó ("Tango de Satã", 1994) e Werckmeister harmóniák ("A Harmonia Werckmeister", 2000). Acima está a seqüência inicial de Sátántangó, que mereceu a menção de Van Sant.

Tarr é um diretor que desafia radicalmente as formalidades do cinema, o que o torna totalmente inapropriado para ser exibido no Cinemark do shopping center. Sátántangó, seu filme mais mencionado, tem mais de sete horas de duração, com uma narração não linear e, apesar disso, uma história totalmente compreensível.

Tarr começou cedo a fazer filmes. Aos 22 anos de idade, lançou o documentário Családi tűzfészek ("Family Nest", 1977). Na época, todo o grande cinema húngaro era baseado em um formato conhecido hoje como "docudrama" -- documentários com elementos de ficção. Tarr trabalhou com os grandes diretores do seu tempo na Hungria. A idéia geral desses documentários era usar atores não-profissionais com diálogos improvisados e câmeras nervosas, mas seguindo um roteiro pré-definido.

Esse trabalho iniciou o interesse de Tarr pela busca dos limites do formalismo no cinema. Ele trabalhou numa adaptação para a TV de Macbeth (1980). O resultado é extremamente experimental: uma peça com duas tomadas, uma de cinco minutos seguidos pelos créditos, e outra de 67 minutos ininterruptos. Com close-ups constantes e sem espaço entre acontecimentos e a leitura do poema de Shakespeare, o filme alcança uma dramaticidade teatral incomum.

A primeira parte de Sátántangó se passa em antecipação à chegada de Irimias, que juntamente com seu aluno romeno, Petrina, está indo para o vilarejo que vemos nas cenas acima. Mas nos dias anteriores, toda a vila foi percorrida por boatos de que o viajante estaria morto.

Quando ele finalmente chega, e nós não sabemos o propósito dessa viagem, o efeito é o da chegada de um Messias às avessas. Em pouco tempo, Irimias rouba da população todo o seu dinheiro, por meio de pequenos golpes, e destrói todas as esperanças que trazia para o povoado.

O filme ganha ares de libelo ao pensarmos que o vilarejo bucólico é a Hungria comunista da infância de Tarr e a chegada do Messias e suas trapaças, uma alegoria às promessas de riqueza não cumpridas do capitalismo.

A câmera de Tarr participa intensamente do filme. Ela é lenta e se move constantemente em balanços e subidas e descidas indo de uma cena para outra sem cortes de montagem. O que seria levado ao extremo por Aleksandr Sokurov, em Russkiy kovsheg ("Arca Russa", 2002).

Tarr segue produzindo continuamente. Neste ano, ele lançou Londoni férfi ("The Man From London", 2007), que foi muito bem recebido no circuito cultural europeu, ganhando uma mostra no London's National Film Theatre.

Esperamos o lançamento da obra de Béla Tarr nesses trópicos ainda tão imersos no desconhecimento dos grande realizadores de arte mundiais.


terça-feira, 13 de novembro de 2007

Manda Bala (Jason Kohn, Brasil/EUA, 2007)

Sapos. Sapos canibais que se enrolam, dançam e pulam dentro de uma poça de lama. Aparentemente, sem que nós saibamos, o documentarista norte-americano Jason Kohn encontrou "a maior fazenda de criação de sapos do mundo" aqui, no Brasil.

Como se isso fosse um assunto que interessasse a todo o mundo, Kohn entrevista longamente o administrador da fazenda, que nos revela toda uma ciência sobre formas de reprodução, benefícios genéticos e comparações entre raças de anfíbios.

Mas há um escândalo, uma denúncia. A verdadeira piscina de lama e sapos da qual o documentário quer realmente tratar.

Um corte abrupto nos faz viajar de Goiás, onde está localizada a fazenda, para São Paulo. Na maior cidade do Brasil, nós somos apresentados a um empresário que manda blindar os carros da família para se proteger da violência das ruas. Conhecemos rapidamente um promotor de Justiça, uma vítima de seqüestro e um policial durão. Mas até agora não sabemos o que está acontecendo, apesar de todas essas coisas soarem tão extravagantes aos olhos norte-americanos que já deveriam ter valido o documentário.

Mas Jason Kohn provou ser um estreante genial nesse filme. Ele consegue manter a audiência presa à história ao mesmo tempo em que vai criando um retrato sociológico amplo da sociedade brasileira.

Esse quadro vai aos poucos reconstruindo uma teoria do caos em que todas as peças apresentadas cumprem uma função. A fazenda de sapos prova ser a ponta de um sistema de lavagem de dinheiro público. Traficantes da favela contam suas histórias de como passaram do simples tráfico para crimes mais violentos -- como o seqüestro. Escalada de violência que contribui para o pânico generalizado que movimenta um mercado de segurança comandado pelos ricos personagens das cidades grandes.

Como toda essa história, Kohn levou o Grande Prêmio do Júri do Festival Sundance deste ano. E ainda ganhou o prêmio de melhor fotografia no mesmo festival.

Para o público brasileiro, acostumado a ver essas histórias serem contados diariamente nos telejornais, o documentário pode parecer naïve e até preconceituoso com um país pobre. Mas a formatação dada por Kohn cria um mural de correspondências que fascina mesmo a um jornalista e documentarista como eu. O que é mais bacana no filme é o bom-humor eterno da narrativa e da condução das entrevistas.

No final, Manda Bala é tão surpreeendente visual e narrativamente que soa como o que a revista Time Out New York chamou de "renascimento do documentário investigativo".

Quem tiver oportunidade de assistir à Manda Bala preste atenção na forma como Kohn intercala as histórias, como corta da fazenda de sapos para o lobby de um escritório fino em São Paulo. O intérprete usado por Kohn para entrevistar seus personagens sempre aparece em cena. Isso é uma homenagem de Kohn a seu mentor, o documentarista Errol Morris, que usou o mesmo recurso numa entrevista com Mikhail Gorbachev sobre os filmes preferidos dos ex-líder soviético.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

"Sou um pintor europeu", diz Peter Greenaway

Peter Greenaway é um diretor que testa os limites. Os limites da linguagem cinematográfica. Os limites que a audiência pode suportar em termos de violência e fetichismo. E o limite dele como realizador estético de cinema.

"Quantos diretores fazem filmes para satisfazer a suas fantasias sexuais?". Esta é uma das perguntas lançadas pelo personagem Philip Emmenthal, uma espécie de alter-ego de Peter Greenaway, no seu filme 8 1/2 Women (Inglaterra, 1999).

"A maioria dos filmes são sobre o que as pessoas não tem: felicidade e sexo. Nós temos os dois", continua a dizer o narcisista Philip, interpretado por John Standing que no filme encarna um pai que confessa ao filho sua insatisfação sexual. Storey (Matthew Delmare), o filho, sugere assim que o pai transforme seu chateau suiço em um bordel. 8 e 1/2 tipos de mulheres seriam escolhidas para corresponder ao arquétipo ideal da fantasia sexual masculina. A freira, a mulher que monta cavalos, a italiana fogosa, a empregada, as japonesas etc. E a meia-mulher literalmente: a mulher sem pernas.

"O cinema tradicional e ortodoxo de Hollywood lida com a nudez de forma limitada, apenas do ponto vista do corpo de uma mulher jovem entre 16 e 30 anos. O que acontece com o resto das outras pessoas?", Greenaway diz nessa entrevista publicada por indieWIRE.

Pergunta - Seus filmes levantam sempre questões sobre o que é a vida. Especialmente A Zed & Two Noughts (Zôo, Um Z e Dois Zeros, Inglaterra/Holanda, 1985) em que há uma certa obsessão pela decadência. Estes heróis estariam procurando localizar a alma para curar a sociedade e a si mesmos dessa ausência de alma. A localização da alma estaria supostamente em algum lugar do corpo físico. Você também tem se perguntado onde se encontra a alma?

Peter Greenaway - Você está procurando me fazer as perguntas certas da maneira mais correta possível. Na minha trilogia inacabada, todos os filmes tratam de certa forma do mesmo assunto. Prospero’s Books (França, Holanda, Inglaterra, Japão, 1991) é sobre os usos e abusos da sabedoria e The Babt of Mâcon (O Bêbe Santo de Macon, Inglaterra, França, Alemanh, Bélgica, Holanda, 1993) sobre os usos e abusos da religião. O terceiro é um projeto que será basicamente sobre necrofilia e sobre a busca e a localização da alma. Na história européia, a alma viajou da barriga, onde os romanos a localizavam, para o coração, onde os cristãos acreditavam ser a sua localização. Acho que agora ela está localizada mais para cima e simultaneamente em algum lugar fora do corpo. A história deste filme acontece durante a Guerra dos 30 Anos, quando a Europa estava cheia de cadáveres e um anatomista procurava pela alma nos corpos mortos. Ele acreditava que a alma podia estar fisicamente localizada em um órgão como o baço ou em uma parte do cérebro. Estava determinado a achar a sua localização exata. Acreditava que assim poderia erradicar a maldade através de uma operação cirúrgica. Mas as pessoas à sua volta também estavam muito interessadas em achar a alma, então elas o enganavam. Homens e mulheres trapaceavam com ele nessa procura. Não elaborei nada mais além disso. Também estou interessado em necrofilia. Queria fazer um filme que se passasse neste período e sobre os problemas desta guerra. Como a guerra é conduzida por homens mais velhos, e temos um número extraordinário de ótimos atores velhos na Inglaterra, eu gostaria de utilizá-los neste filme. Todo o elenco estaria acima de 65 anos e teria que fazer tudo com próteses, já que seria extremamente difícil abrir inúmeros cadáveres com o tipo de orçamento que temos. Assim, a maior parte do filme seria filmado no escuro. Daí, você pode imaginar o que os financiadores pensaram sobre um filme sobre necrofilia com todos os atores com mais de 65 anos e todo filmado no escuro. Não foi possivel levantar o dinheiro ainda. Mas o filme já está no rascunho e o faremos mais cedo ou mais tarde.

Pergunta - Mudando de assunto, o protagonista de 8 1/2 Women é um homem de 55 anos de idade. Eu estou quase certo que você estava perto dessa idade quando realizou o filme.

Greenaway - Eu tinha 57.

Pergunta - No roteiro, você descreve Philip Emmenthal como um homem muito bonito e atraente que lhe diz mais do que o próprio ator que você escalou para o papel. Então quão autobiográfico é este filme?

Greenaway - Eu sou basicamente um inglês, natural de Londres e criado de forma burguesa. Se eu realmente criei um alter ego, ele será maior do que a vida e maior do que nós mesmos podemos nos ver. As circunstâncias e as aventuras que o meu alter ego estará sujeito vão ser mais fantásticas do que aquelas que eu poderia criar para mim mesmo. Algo assim parecido com a relação Fellini/Mastroianni. Fellini não podia trepar com todas as mulheres que ele desejava, então colocou em Mastroianni essa possibilidade.

Pergunta - Existem algumas cenas em 8 1/2 Women que são um pouco chocantes.

Greenaway - Como por exemplo?

Pergunta - Bem, antes de mais nada, o pai e o filho fazem sexo juntos. Então existe uma fala no roteiro, que eu não sei especificar se está no final do filme, sobre um personagem que ama as vaginas e que gostaria que ele pudesse extirpá-las, dessa maneira ele poderia observá-las todas às vezes que ele quisesse. (Philip, depois de uma de sua mulheres cometer suicidio: “É tão terrivel perder a mais bela vagina que eu já vi na vida. Isto não pode ser verdade. A vagina de Palmira é grande e me acaricia e perfuma como se eu estivesse no céu. Ela me segura como se fosse um polvo. Eu me pergunto se poderia extirpá-la e mantê-la? Num congelador, talvez...”)

Greenaway - Mas isso não foi filmado, não.

“Sou um pintor europeu” - parte 2

Parte final da entrevista de Peter Greenaway para indieWIRE.

Pergunta -
Em um certo sentido essas cenas não deveriam ser chocantes nos anos 2000, mas aqui nos EUA, toda vez que uma atriz faz uma cena de nudez acontece uma entrevista coletiva. A pergunta que sempre se faz é: “Como é atuar pelado?”. Sendo assim, você não acha estranho que mostrar o sexo de forma tão aberta seja considerado pouco convencional ou ofensivo para muita gente?

Greenaway - Eu presumo que você está perguntando isso apenas retoricamente porque já sabe a resposta. Vocês têm um background puritano. O fato de serem protestantes ou mesmo calvinistas tem a ver com todos estes problemas e dificuldades. A melhor forma de responder a isto seria: eu sou europeu. Vemos todas essas questões de uma perspectiva diferente. Fui treinado como pintor. Tenho muita familiaridade com o corpo nu, feminino ou masculino. Tenho uma postura discursiva e estou certo de que o corpo humano está no centro disso. Sua fisicalidade é importante e positiva. Acredito que esta fisicalidade perderia sua perspectiva sobre todos os outros sentidos. Estas são as posições mais polêmicas, tanto quanto a enorme curiosidade sobre situações e políticas que envolvam os gêneros masculino e feminino.
Pergunta - Não sei se você viu o filme “The Idiots” de Lars von Trier, em que os pênis dos atores foram cobertos com retângulos pretos. No seu filme, os pênis são apenas uma coisa normal. Tem uma grande fala na qual o pai diz como o pênis o inspirou a ser um arquiteto. (Philip: “Contemplando o pênis de meu pai, eu ficava interessado na engenharia do pênis. O pênis é uma das máquinas de engenharia mais impressionantes – estrutura sólida, hidráulica, propulsão, pistões, compressão, inflável, sensibilidade ao calor – praticamente tudo que caracterizam as máquinas. Não existem máquinas feitas pelo homem que se equiparem a ele.) Como o pênis lhe inspirou a tornar-se um diretor?

Greenaway - (risos) Novamente uma ironia. Meu filme irritou muita gente porque é uma espécie de avanço da fantasia sexual masculina. Penso que se você vai trabalhar com esta fantasia é melhor escancarar tudo. Organizamos nove estereótipos sexuais masculinos que são bastantes explícitos no seu significado: o desejo de transar com uma freira, o desejo de transar com uma mulher que está sempre montando a cavalo etc. É politicamente incorreto imaginar um cena na qual dois homens, pai e filho, são capazes de criar um bordel particular. Isso está quase fora do limite do que é considerado civilizado. Isto pode ser tanto um sonho sexual de um ou de ambos os sexos.

Pergunta - Todos os homens de seus filmes parecem ser normais ou bem dotados. Alguém poderia pensar que se o diretor tivesse um pênis pequeno, nenhuma nudez masculina seria tão facilmente exibida.

Greenaway -
Você acha isto?

Pergunta - Sim. Alguém poderia ter a impressão e intuir, ao observar as sutilezas dos seus filmes, que você deve ser satisfatoriamente bem dotado.

Greenaway -
Me sinto muito confortável em discutir assuntos sexuais nessas circunstâncias e contexto. Acho que venho desenvolvendo em meus filmes um paradigma e a confiança vai crescendo a cada filme. O fato de você me fazer esse tipo de pergunta sugere que existe uma legitimidade que possibilita discutir qualquer assunto dessa natureza. Talvez com um outro diretor e em outra circunstância não fosse tão fácil tratar desses assuntos tão abertamente. Acredito também que, em outro nível, e fico muito irritado com isso, o cinema tradicional e ortodoxo de Hollywood lida com a nudez de forma limitada, apenas do ponto vista do corpo de uma mulher jovem entre 16 e 30 anos. O que acontece com o resto das outras pessoas? O que acontece com toda a massa de homens e mulheres, dos tipos masculinos e femininos que não estão representados neste contexto? Nós devemos ir mais além...

Pergunta - Como você reage quando taxam os seus filmes de misóginos? Isso te incomoda?

Greenaway -
Existe uma tênue fronteira o tempo todo. Temos que ser bastantes cuidadosos ao fazer um filme. Me lembro em The Cook the Thief His Wife & Her Lover (O Cozinheiro, o Ladrão a Mulher e Seu Amante, França, 1989), o personagem de Helen Mirren termina o filme literalmente e metaforicamente por cima. Ela é uma vitoriosa. Mas foi incrivelmente humilhada para conseguir chegar lá. Será que a humilhação de Helen Mirren é um argumento misógeno ou é uma via natural a ser seguida para se alcançar uma conclusão? Eu tendo, é claro, a concordar veementemente com a segunda alternativa.

Pergunta - Em The Pillow Book (O Livro de Cabeceira,França, Inglaterra, Holanda, Luxemburgo, 1996) você trata a homossexualidade e a bissexualidade de forma natural e esplêndida. Poucos outros diretores seriam capazes de fazer parecer tão natural e como parte do dia a dia das pessoas. Isso seria porque qualquer coisa ligado a sexualidade é algo normal e corriqueiro para você?

Greenaway -
Sem dúvida nenhuma. Eu posso te provocar perguntando o que significa a perversidade para você?

Pergunta -
Coisas que os seus pais não gostariam que você fizesse.

Greenaway - (risos) Um outro comentário curioso e que sempre me surpreende é sobre os críticos americanos e como eles me vêem como um fetichista. Posso perceber a maneira como usam esta palavra, ela tem um significado profundo e pejorativo na cabeça deles. Por quê devemos acreditar que o fetichismo é pejorativo? Por quê os americanos pensam assim?

Pergunta -
Nós somos uma nação muito contida. Nós temos muito medo do sexo.

Greenaway - Por quê isso? Poderíamos falar sobre uma herança puritana, sobre os valores da família etc. Mas isto ainda não responde realmente a estas questões.

Pergunta -
Bem, nossos ancestrais vieram para cá supostamente para separar a religião do Estado e eles falharam. E como a religião está sempre envolvida...

Greenaway -
Mas isso foi há muito tempo atrás.

Pergunta -
Edmund White uma vez disse que os franceses achavam os americanos loucos porque 3/4 da nossa população acredita piamente que conversa com Deus. Nós realmente acreditamos no pecado. Talvez o pecado faça o sexo ser mais prazeiroso para nós, uma vez que acreditamos que seremos punidos por fazer alguma coisa proibida e suja.

Greenaway -
Talvez.

Pergunta -
Bem, eu gostaria de agradecer.

Greenaway -
Foi um prazer.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Sacred Family (Sebastián Lelio, Chile, 2006)


Fraquezas humanas que superam a racionalidade e a imposição do desejo sexual à própria vontade autônoma. Essas são as forças envolvidas nesse maravilhoso filme de estréia do roteirista, e agora diretor, chileno Sebastián Lelio, também conhecido no Chile como Sebastián Campos.

O filme, feito em poucos dias e usando muita improvisação por parte dos atores, é de uma crueza exacerbada que, em diversos momentos da película, chega a beirar o primitivismo. Com fotografia trêmula e claudicante, o filme parece ter sido dirigido por um fotógrafo autista. Mas Gabriel Díaz, o diretor de fotografia é tudo menos desconectado da realidade, isso se prova quando notamos que o uso da câmera é parte interessante da própria estrutura narrativa que é adotada por Lelio.

A dramática câmera da mão e os close-ups quase enjoativos, contam uma história que se passa entre a Sexta-Feira da Paixão e o Domingo de Páscoa. Marco (Néstor Cantillana) é um estudante de arquitetura oprimido pela tentativa de emular a carreira extremamente bem sucedida do pai. Tentando desanuviar a cabeça no feriado de Páscoa, ele vai até a casa de praia dos pais.

Na escolha do cenário, pedregoso, frio, distante e ermo da costa chilena, o diretor cria um ambiente que traduz as angústias do protagonista como feito por Bruce Beresford em "Tender Mercies" (EUA, 1983).

O filme revela seus elementos dramáticos, quando a namorada de Marco, Sofia (Patricia López), vai se encontrar com ele. A mãe de Marco deixa dos dois sozinhos na casa, não sem antes deixar claro que sua opinião pessoal é contrária ao relacionamento. As mães sempre sabem melhor do que ninguém o que é melhor para seus eternos bebês -- a avaliação autobiográfica de Lelio nas entrelinhas de seu filme.

A chegada de Sofia à casa deflagra não só as emoções da mãe em relação ao filho, mas uma afloração de desejos proibidos os não entre os ocupantes da casa. As críticas do pai de Marco ao seu trabalho e as tentativas do filho agradar ao pai. Uma jovem vizinha que é o objeto intruso à casa que desperta a libido proibido dos homens. Dois amigos de Marco que têm obviamente inclinações não-declaradas homossexuais e se liberam durante uma festa de ecstasy (a pior seqüência do filme).

É nessa relação que todo um cabedal de humor negro e de franqueza absoluta em relação às emoções e à sexualidade se expressão nas vidas dos dois namorados e nas pessoas que os rodeiam durante o feriado. Tudo inclusive a "sagrada família", no final, não é tão sagrada assim.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Um novo Almodóvar e dois mais no forno

Já tendo anunciado que seu próximo filme será "La piel que habito", o diretor espanhol Pedro Almodóvar está preparando outras duas histórias, que ele pretende filmar na seqüência. Esse processo de trabalho repete o que ele havia feito em "Tudo sobre mi madre" e "Hable con ella".

"La piel que habito" é uma versão do romance "Tarântula", do francês Thierry Jonquet, e será estrelado por Penélope Cruz. No filme, um cirurgião plástico, para vingar o estupro de sua filha, seqüestra o agressor para fazer nele uma operação de mudança de sexo. Antonio Banderas deve ser escalado para fazer o papel de cirurgião vingativo.

Sala escura (9, 10 e 11 de novembro)

As sugestões de Cinemais para o fim de semana:

O Passado ("El Pasado", Hector Babenco, Argentina/Brasil, 2007)

Primeiro filme do diretor argentino depois de Carandiru, esse quase autobiográfico filme sobre um jovem tradutor (Gael Garcia Bernal) que se vê pressionado pela ex-mulher em um jogo de chantagem em que as memórias do passado em comum dos dois têm um papel fundamental. Como brinde, o filme trás a última atuação de Paulo Autran no cinema. Ler a crítica do Cinemais.


Renaissance (Christian Volckman, França, 2006)

Melhor animação deste ano, esse suspense se passa em uma Paris futurista de 2054 num mundo orwelliano cheio de slogans publicitários e lavagem cerebral.
Lembrando muito Sin City, nesse filme sombrio uma jovem do Leste Europeu se envolve em uma conspiração ao tentar encontrar sua irmã.
Excelente motion picture.


Onde ver:

  • O Passado
Cinemark Boulevard Tatuapé, 5 - 15h - 19h45

Eldorado, 4 - 15h05 - 17h35 - 20h05 - 22h35

Frei Caneca Unibanco Arteplex, 7 - 14h10 - 16h40 - 19h10 - 21h40
0h - sáb.

HSBC Belas Artes, Villa-Lobos - 14h - 16h20 - 18h40 - 21h

Kinoplex Itaim, 2 - 15h40 - 18h20 - 20h50
23h15 - sex. e sáb.

Multiplex Bristol, 6 - 13h30 - 16h - 18h30 - 21h
23h45 - sex., sáb. e dom.

Reserva Cultual, 2 - 14h10 - 16h30 - 18h50 - 21h10
23h40 - sex. e sáb.

Shopping Center Iguatemi - Cinemark, 5 - 14h10 - 16h30 - 19h - 21h20

Shopping D, 9 - 17h20 - 22h

Shopping Jardim Sul - UCI, 4 - 19h30 - 21h30 - exceto sex, sab e dom
18h - sex. e sáb.
21h30 - dom.

Shopping Market Place - Cinemark, 7 - 15h - 20h

Shopping Morumbi - Cine TAM, Londres - 16h30 - 21h30

Shopping Pátio Higienópolis - Cinemark, 3 - 12h50 - 15h20 - 17h50 - 20h20

Shopping Santa Cruz - Cinemark, 9 - 15h50 - 20h40

Shopping Villa-Lobos - Cinemark, 2 - 15h - 19h50


  • Renaissance
Espaço Unibanco, 4 - 16h30

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Roteiristas em greve nos EUA


Nos Estados Unidos, a Writers Guild of America (link ao lado), está promovendo a primeira greve de roteiristas de cinema e televisão em 19 anos.

Para um mercado totalmente desarticulado como o brasileiro, isso parece um absurdo. Mas lá, os roteiristas conseguem se erguer mesmo contra os interesses bilionários dos estúdios de Hollywood.

O que os roteiristas pedem terá impacto direto nas decisões da indústria audiovisual para a área de novas mídias. Eles querem é uma participação maior nas vendas de DVDs e nos downloads pagos. Basicamente o que acontece hoje, é que os estúdios pagam aos roteiristas para a produção, mas não incluem os criadores nas parcelas de lucros conseguidas pela venda do material nas novas mídias.

Apesar de parecer estranho que um bando de nerds de óculos e mulheres elegantes e moderninhas possam fazer piquetes na rua e paralisar a indústria de cinema e televisão norte-americana, é exatamente isso que vai acontecer.

A última greve da Writers Guild of America durou cinco meses. Essa promete durar nove ou dez. É o suficiente para prejudicar as transmissões de TV e os lançamentos de cinema. Geralmente, estúdios de TV trabalham com pelo menos 11 ou 12 episódios já gravados. Ou seja, séries de TV semanais podem passar a atrasar em um prazo de três meses.

No caso das séries, grandes sucessos na televisão americana estão comprometidos. É o caso de "Lost", "24", "Three and a Half Men", "Dirty Sexy Money" e "Brothers & Sisters", todos eles com seus roteiristas presentes nas passeatas de ontem.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Passado (El Pasado, Hector Babenco, 2007)

A incrível e autodestrutiva habilidade do homem em complicar a sua própria vida e bagunçar a sua felicidade e a profunda capacidade que chega à loucura de uma mulher amar, sem limites e eternamente um namorado são as through-lines desse que é o mais maduro filme do nosso melhor diretor, que, por uma dessas infelicidades da vida, é argentino.

A sutileza do roteiro de Babenco e Marta Goes, adaptando o romance deAlan Pauls, é demonstrada nos diálogos verossímeis e delicados que Rimini (Gael García Bernal) tem com as quatro mulheres com quem se envolve durante o filme.

Todo o homem se verá na pele de Rimini. Um ser que é capaz de abrir mão da sua felicidade imediata quando confrontado com a existência de uma mulher que parece aos seus olhos, naquele momento, um objeto mais adorável de desejo do que a atual.

É seguindo essa lógica biológica que o personagem abdica de seu relacionamento de 12 anos e passa a namorar uma modelo, que é trocada rapidamente por uma tradutora, substituída por um fugaz caso com uma mulher mais velha e rica.

O passado sempre volta a bater à porta de Rimini na imagem muito bem escolhida da caixa de fotos do primeiro relacionamento. Fotos essas que nunca foram catalogadas por Rimini, e que a sua primeira mulher, Sofia (Analia Couceyro), passa anos cobrando para que escolha com quais quer ele ficar.

Esse espaço de tempo depois de cada relacionamento, que podemos chamar de um luto de separação, nunca é respeitado por Rimini. Ele não fecha realmente as suas relações com as mulheres, e em especial com Sofia. E essa falta de conclusão, essa falta de um ponto final definitivo nesse namoro de 12 anos é o gatilho para o sofrimento dos anos seguintes.

Sofia não deixou de amar Rimini. Rimini seguiu com sua vida.

Babenco nos ensina quando devemos ser mais sinceros com nós mesmos e nos dá uma aula de como tratar um final de relacionamento. Além de uma aula de cinema a ser muito bem estudada.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Sala escura (2, 3 e 4 de novembro)

Sugestões de Cinemais para quem ficar em São Paulo no feriado.

O Passado ("El Pasado", Hector Babenco, Argentina/Brasil, 2007)


Primeiro filme do diretor argentino depois de Carandiru, esse quase autobriográfico filme sobre um jovem tradutor (Gael Garcia Bernal) que se vê pressionado pela ex-mulher em um jogo de chantagem em que as memórias do passado em comum dos dois têm um papel fundamental. Como brinde, o filme trás a última atuação de Paulo Autran no cinema.


Renaissance (Christian Volckman, França, 2006)

Melhor animação deste ano, esse suspense se passa em uma Paris futurista de 2054 num mundo orwelliano cheio de slogans publicitários e lavagem cerebral.
Lembrando muito Sin City, nesse filme sombrio uma jovem do Leste Europeu se envolve em uma conspiração ao tentar encontrar sua irmã.
Excelente motion picture.


Invasores ("The Invasion", Oliver Hirschbiegel, EUA, 2007)

Uma ficção-científica clássica, os Invasores conta a história de um acidente com um ônibus espacial que trás para a Terra uma bactéria alienígena. Filme catástrofe para a humanidade se o filho da psiquiatra (Nicole Kidman) que está tratando os casos não se provasse imune ao mal. De alguma forma, uma gripe aviária que atacou o menino anos atrás tornou o organismo dele resistente à bactéria espacial. Criativo.



Onde ver:

  • O Passado

Cinemark Boulevard Tatuapé, 5 - 14h30 - 17h05 - 19h35 - 22h05
12h - sáb. e dom.
0h35 - sex. e sáb.

Eldorado, 5 - 13h - 15h45 - 18h30 - 21h10
23h40 - sex. e sáb.

Frei Caneca Unibanco Arteplex, 07 - 14h10 - 16h40 - 19h10 - 21h40
0h - sáb.

HSBC Belas Artes, Villa-Lobos - 14h - 16h20 - 18h40
21h

Kinoplex Itaim, 05 - 15h40 - 18h20 - 20h50
23h15 – sex. e sáb.

Multiplex Bristol, 06 - 13h30 - 16h - 18h30 - 21h
23h45 – sex. e sáb.

Reserva Cultural de Cinema, 2 - 14h10 - 16h30 - 18h50 - 21h10

Shopping Center Iguatemi - Cinemark, 05 - 14h - 16h30 - 19h10 - 21h40
11h30 - sáb. e dom.
0h15 – sex. e sáb.

Shopping D, 06 - 13h35 - 16h10 - 18h50 - 21h20
11h10 – sáb. e dom.
23h50 - sex. e sáb.

Shopping Jardim Sul - UCI, 05 - 13h35 - 16h - 18h25 - 20h50
23h15 - sex. e sáb.

Shopping Market Place - Cinemark, 04 - 14h15 - 16h45 - 19h30 - 22h
11h45 - sáb. e dom.
0h30 – sex. e sáb.

Shopping Pátio Higienópolis - Cinemark, 01 - 14h10 - 16h50 - 19h20 - 21h55
11h35 - sáb. e dom.
0h25 – sex. e sáb.

Shopping Santa Cruz - Cinemark, 06 - 13h50 - 16h20 - 18h50 - 21h30
11h20 - sáb. e dom.
0h05 – sex. e sáb.

Shopping Villa-Lobos - Cinemark, 03 - 12h15 - 14h45 - 17h15 - 19h55 - 22h25


  • Renaisssance

Espaço Unibanco, 01 - 14h - 16h - 18h - 20h - 22h
0h - sáb.


  • Invasores

Centerplex Lapa, 03 - 19h15 - 21h10

Eldorado, 6 - 17h20 - 19h40 - 22h
0h15 – sex. e sáb.

Frei Caneca Unibanco Arteplex, 08 - 14h - 16h - 18h - 20h - 22h
0h - sáb.

Kinoplex Itaim, 01 - 16h30 - 21h
23h10 - sex. e sáb.

Moviecom BoaVista, 03 - 21h10

Multiplex Bristol, 05 - 13h05 - 15h10 - 17h15 - 19h20 - 21h25
23h30 - sex. e sáb.

Shopping Anália Franco - UCI, 03 - 14h50 - 17h - 19h10 - 21h20
12h40 - sáb. e dom.
23h30 – sex. e sáb.

Shopping Center Norte - Cinemark, 04 - 18h10 - 20h20 - 22h30
0h40 - sex. e sáb.

Shopping Center Penha - Moviecom, 03 - 19h40 - 21h45
17h30 - sáb. e dom.

Shopping Central Plaza - Cinemark, 05 - 17h15 - 19h30 - 21h45
0h - sex. e sáb.

Shopping D, 01 - 19h35 - 22h10
0h30 – sex. e sáb.

Shopping Interlagos - Cinermark, 05 - 17h25 - 19h40 - 21h55

Shopping Jardim Sul - UCI, 06 - 15h - 17h10 - 19h20 - 21h30
12h30 - sáb. e dom.
23h40 – sex. e sáb.

Shopping Leste Aricanduva - Cinemark, 05 - 19h30 - 21h40
23h50 - sáb.

Shopping Market Place - Cinemark, 05 - 17h - 19h20 - 21h35
23h50 – sex. e sáb.

Shopping Metrô Tatuapé - Cinemark, 06 - 20h20 - 22h30

Shopping SP Market - Cinemark, 01 - 20h20 - 22h35

Shopping Santa Cruz - Cinemark, 02 - 17h40 - 20h - 22h15
0h30 - sex. e sáb.

Shopping Villa-Lobos - Cinemark, 07 - 17h20 - 19h30 - 21h50
0h - sex. e sáb.