A incrível e autodestrutiva habilidade do homem em complicar a sua própria vida e bagunçar a sua felicidade e a profunda capacidade que chega à loucura de uma mulher amar, sem limites e eternamente um namorado são as through-lines desse que é o mais maduro filme do nosso melhor diretor, que, por uma dessas infelicidades da vida, é argentino.
A sutileza do roteiro de Babenco e Marta Goes, adaptando o romance deAlan Pauls, é demonstrada nos diálogos verossímeis e delicados que Rimini (Gael García Bernal) tem com as quatro mulheres com quem se envolve durante o filme.
Todo o homem se verá na pele de Rimini. Um ser que é capaz de abrir mão da sua felicidade imediata quando confrontado com a existência de uma mulher que parece aos seus olhos, naquele momento, um objeto mais adorável de desejo do que a atual.
É seguindo essa lógica biológica que o personagem abdica de seu relacionamento de 12 anos e passa a namorar uma modelo, que é trocada rapidamente por uma tradutora, substituída por um fugaz caso com uma mulher mais velha e rica.
O passado sempre volta a bater à porta de Rimini na imagem muito bem escolhida da caixa de fotos do primeiro relacionamento. Fotos essas que nunca foram catalogadas por Rimini, e que a sua primeira mulher, Sofia (Analia Couceyro), passa anos cobrando para que escolha com quais quer ele ficar.
Esse espaço de tempo depois de cada relacionamento, que podemos chamar de um luto de separação, nunca é respeitado por Rimini. Ele não fecha realmente as suas relações com as mulheres, e em especial com Sofia. E essa falta de conclusão, essa falta de um ponto final definitivo nesse namoro de 12 anos é o gatilho para o sofrimento dos anos seguintes.
Sofia não deixou de amar Rimini. Rimini seguiu com sua vida.
Babenco nos ensina quando devemos ser mais sinceros com nós mesmos e nos dá uma aula de como tratar um final de relacionamento. Além de uma aula de cinema a ser muito bem estudada.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
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