segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Eisner, ex-Disney, critica greve de roteiristas

O ex-CEO da Disney Michael Eisner falou para The New York Times sobre o futuro que ele enxerga para o entretenimento digital e os problemas com a greve declarada pelos roteiristas de cinema e televisão dos Estados Unidos, que querem uma maior participação nos lucros dos produtos lançados na internet.

Pergunta - Como ex-CEO da Disney e fundador de uma empresa para investir no futuro do entretenimento digital, o senhor falou em uma conferência recente para investidores onde chamou a greve dos roteiritas de "estúpida" e "insana". O senhor poderia explicar essas declarações?

Michael Eisner - Eu estava me referindo mais ao momento em que a greve foi lançada. É uma bobagem fazer uma greve numa área de negócios que ainda não está suficientemente evoluída nem mesmo para sabermos se haverá negócios nessa área no futuro.

Pergunta - Mas as redes de televisão já não estão tendo lucros a partir de programas que são exibidos na internet? Não é exatamente por uma parte desses lucros que os roteiristas estão brigando?

Eisner - Não. As áreas que estão dando dinheiro para as televisões são aquelas que eu gosto de chamar de "reusadas" -- os filmes para download ou as séries de TV para download. Sobre essas áreas, os produtores já concordaram em fazer um acordo com a Writers Guild of America (o sindicato dos roteiristas). A área em que não pode haver negociação ainda é a de produções originais para a internet, que ainda não é lucrativa nem se sabe em que direção está indo.

Pergunta - Mas existe um grande bolo de rendimentos aí.

Eisner - Mas não um bolo de lucros.

Pergunta - Então o que o senhor está dizendo é que não há nenhuma migalha para os roteiristas nesse momento?

Eisner - Não é uma questão sobre os roteiristas. Do jeito que você coloca parece que há alguma hostilidade nessa questão. Ainda não existem migalhas para ninguém. Os programas que eu fiz para "Prom Queen" custaram cerca de US$ 3.000,00 cada 90 segundos. Nós ainda não tivemos uma sacudida no mercado capaz de fazê-lo se tornar lucrativo.

Pergunta - O senhor está se referindo a uma série nova que o senhor fez expressamente para a internet. Como está o projeto "Prom Queen"?

Eisner - Vuguru é a produtora que fez "Prom Queen" e "Prom Queen: Summer Heat", que é a seqüência. A primeira temporada fez alguns milhares de dólares. A segunda deu prejuízo.

Pergunta - Que tipo de nome é esse: Vuguru? Para mim soa como o nome de uma droga, como Vioxx ou Viagra.

Eisner - Se o nome lembra você de algo que cria força, eu acho que está OK. Em francês, "vous" é a segunda pessoa do plural. Vuguru - você é o guru da audiência. É apenas uma palavra criada.

Pergunta - No mês passado, o senhor investiu US$ 385 milhões para comprar a Topps, que fabrica o chiclete Bazooka e cartões de beisebol.

Eisner - Topps é uma marca que está presente na lembrança de todos os homens americanos com menos de 70 anos. Eu posso partir dessa marca e criar uma empresa de mídia esportiva. A Topps tem muitas marcas relacionadas a ela. A própria Bazooka tem o Bazooka Joe. Eu poderia me divertir muito fazendo um filme com o Bazooka Joe, por exemplo.

Pergunta - O senhor acredita que a corrida presidencial do ano que vem está se tornando uma subdivisão da indústria do entretenimento?

Eisner - Eu não acredito, não. Essa visão diminui o nosso sistema político.

Pergunta - O senhor já sabe quem vai apoiar nessa campanha?

Eisner - Eu realmente não tenho muitas opiniões políticas que possam engrandecer as páginas de The New York Times.

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